segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Antes Mesmo Que...

Há tempos não apareço por aqui
Há tempos não me vejo em lugar nenhum
Estou a cada tempo mais distante
A cada tempo um sufoco, há tempo um incomodo

Quanto tempo não nos vemos?
Quanto tempo não nos vestimos com as cores do destino?
Foi num filme ou em um dos sonhos que a vi
Foi, sim, foi, mas jamais foi verdade

As presentes formas, são as sombras dos formatos
Tudo é aparência, tudo desapareceu
O tempo sobrou e eu fiquei pra trás
Longe do tempo onde meu lugar era perto de ti

Fugi, aprendi a voar
Antes mesmo, que eu sonhasse
Corri, para um lugar mais perto de ti
Antes mesmo que...

Soa o brilho da doce lembrança
Do tempo que havia alguém dentro de mim
Do tempo que a mim pertencia a minha alma
Agora ficou o tempo, o tempo sombrio

Agora não brilha, nem ao menos vive
O brilho de tua alma se encontra longe demais
A escuridão tomou conta do espaço e da carne
Sonhei, antes menos que fugisse do meu pensamento

Sentir as formas, já não é meu desejo
Pensar nos caminhos e criar trilhas
Seguir teu espírito, tua alma, teu tempo
Minha alma não mais aspiras essas vontades

Fugi, aprendi a voar
Antes mesmo, que eu sonhasse
Corri, para um lugar mais perto de ti
Antes mesmo que...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Romanza: Larghetto - Chopin


Ouço ao longe, como algo bem distante e sereno. Soa suave e magnífico e invade a alma como quem entra sem ser convidado. Ora age como quem lhe quer distruir ora como quem lhe quer agradar. Cega os olhos e deles uma lágrima se derrama. Escorre pelo tecido e se joga ao precipício. Se entrega sem medir a dor como num sonho. E ao acordar fica somente as boas lemnbranças de um lugar que jamais visitou.Soa como se uma nuvem tocasse em suas irmãs. E no céu se mostra amiga de todas. E é no vasto e imenso azul que se perde...e já não se mostra mais na escuridão.E como um trêm sobre os trilhos vai-se e se apaga no horizonte.



(Concerto para piano em Mi menor, Op.11)

sábado, 2 de agosto de 2008

Uma Solidão Nada Comum

Ne te quaesiveris extra.
(Não te procures fora de ti mesmo).

Tradições, estamos demasiadamente cercados por elas. Evitavelmente ela nos rodeia e ao nos acomodarmos com suas raizes que se nutrem de nosso pretencioso modo de viver, ela cresce e se torna em estúpidas maneiras. Ponho-me a salvo de vossos costumes e tradições. Ó pai, ó mãe, ó irmã, ó esposa, ó amigos, ó todos que respiram, vivi com todos vocês, até o presente momento, segunda as aparências. Não posso mais violentar-me por vossa causa. Daqui para frente pertenço a verdade. Que fique claro para vós que de agora em diante não obedeço a nenhuma lei de costumes senão à lei eterna. Tenho de ser eu mesmo. Sendo assim, infligirei sofrimentos a todos vós, amigos? Possivelmente sim, mas não posso vender minha liberdade para acobertar-lhes a senssibilidade. Sempre haverá aqueles que pensam saber melhor do que vós qual é o vosso dever. Mas viver segundo a opinião do mundo é fácil; como também é fácil viver solitário segundo nós mesmos. Mas o grande homem é aquele que mantém, em meio à multidão, com perfeita ternura, a independência da solidão. Não procurai nada além do que vossa solidão pode vos mostrar. Aprendei vós viverdes na solidão. Serei eu então, eu mesmo.
"O que eu tenho a ver com a sacralidade das tradições, se vivo inteiramente de uma vida interior?" - Ralph Waldo Emerson

terça-feira, 29 de julho de 2008

'No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.'

Quero andar, sozinho, talvez. As pedras? Me volto contra elas, ou as mando para o espaço e flutuarão por aí sem orbita ou estraçalharão meus dedos ... é assim, sempre assim....!

'Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra!'

P.S: Sem demasiadas interpretações, ouviu Rê, está me ouvindo?!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

A Vida Vive Até Sua Morte

Sombras e lamentos. Caminhos estreitos e apertados, no entanto a única via, a única e solitária passagem. Solta, a vida corre e flutua, e por cima do muro ela dá seus pulos e reclamações. Soa suave e solene, fria e seca. Sem muitas razões a vida vive, a vida sofre, a vida anda a esmo. Caminha quase sempre em frente, quase sempre sem avaliar e medir os pesos. Pra alguns, ela significa muito, mas muito pouco mesmo; já à outros ela é demasiadamente importante e necessária. Ambos, equivocados? Talvez. Deve-se se estar além da vida, além do fôlego, além do pó e somente dessa maneira compreenderá-se-a o mínimo possível a respeito deste monstro que nos devora dia a dia. Dessa fome de viver e de morrer.
(...)
As palavras são um meio muito ingênuo e simplório para através delas explicar algo que está além do bem e do mal, como diria meu caro e filósofo Nietzsche. São elas um meio estreitamente sagaz e desprovido, apenas um meio de comunicação, ao invés de códigos de barra, não há nelas esclarecimentoalgum...são um meio e não o fim ou ínicio. Há nela tantos e tantos mistérios, nem se fossêmos deuses saberíamos interpretar suas causas e efeitos, suas vertigens e loucuras, sua lucidez e sabedoria. A vida vive! Até que, ao encontro dela se mostre sua infinita explicação: A morte manifesta-se numa manhã ou numa tarde de sol ou numa noite qualquer. Não há outdoors, não há aviso, nenhum tipo de alarde se quer. A morte é o verdadeiro amor da vida, ambas jamais viverão separadas, jamais se odiaram, jamais irão cada uma para seu lado e tornando as costas uma a outra. Ela vem como a vida veio, suave, contente e bela. Nos sorri, porém um sorriso sincero. Ela não é escura como pensam, ela é brilhante, forte. Senta-se ao nosso lado e de nós quer apenas nossa amizade, nosso corpo, nossos cabelos dourados, nossas mãos, nosso sorriso, todavia jamais quererá nossa alma. Seus braços são confortáveis e longos, seus carinhos só perdem para os da vida que nos deu enquanto vivíamos. Sua voz é um tanto roca, mas não há maldade em seus olhos. Ao nos olhar ela reconhece a tudo quanto a vida nos fez e assim podemos entender porque seu olhar é triste e calmo, pois a vida muitas vezes faz coisas que a morte não pode conciliar. Ambas, vida e morte, tem sua filosofia própria a respeito da vida, a respeito do espírito...ambas respeitam-se em suas opniões. A morte quer bem a vida e a vida bem a morte. São tão apaixonadas que quando se encontram acabam causando um certo descontrole e um estrago irreversível ao ser humano. A vida e a morte nos leva tudo, mas nos deixa um detalhezinho: aprender através da alma a sorrir e a chorar.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

A Queda





Havia se passado algumas semanas. As esperanças tinham vindo assim como o vento sopra nas janelas e nada mais fazem do que alguns barulhinhos assustadores. E infelizmente se fora como um barquinho de papel que se vai na correnteza e logo se desfaz em toda fragilidade e instabilidade. Tinha sido assim aquelas últimas semanas; melancólicas e depressivas. Resolveu, sem razões consideráveis, sair e sentir o ar puro. Caminhando, passou por belas ruas, que já não eram tão belas como outrora. Parou e assistiu por alguns segundos um casal, que separado dele estavam por uma cortina de vidro de um Café. Observando o reflexo do casal, causado pelas luses dos carros que passavam, atensioso reparou que o homem usava um terno marrom que não combinava com seus sapatos pretos; aliás de muito mal gosto. Continou andando, mas já não dedicava atenções alguma, aos obejtos, às pessoas; as paisagens não eram mais polidas e brilhantes, e o cuidado de não pisar numa pedra já não lhe despertava interesses. Caminhava lentamente, desdenhava a tudo e a todos por quem passava e a quem amava. Caminhava loucamente e as estrelas não lhe causavam mais temperamentos. Por algum motivo decidiu parar ali mesmo, naquele obscuro lugar: olhou ao redor, como quem procurasse algo. Percebeu que estava sobre uma ponte a qual subalternizava um lindo riacho. Lugar que de hábito costumava passear à noite.
Ele ficou parado, olhando, como se buscasse algo de valor no horizonte...(...)...Passou por ele uma mulher que parecia trêmula e um pouco assustada. Ela apressou os passos, passou por ele rapidamente, como um vulto se desfaz na sombra. Então, ao diminuir os seus passos, ela ouviu um grito e um grande barrulho ensurdecedor, que soara como se uma grande onda se deparasse numa forte e dura rocha, e com medo nos olhos, olhou para trás. A ponte se encontrava deserta e vazia. Não havia mais ninguém por ali. O ar se tornou frio e sombrio. Sentiu-se vilitigiada e caminhando desapareceu na escuridão...!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Duas Categorias

A raça humana é dividida em duas categorias: os ordinários e os extraordinários.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Coringa

Caramba! Belo começo, não poderia ter começado com outra palavra mais adequada. Se eu fosse um cara verdadeiramente sincero, jamais iria escrever neste exato momento o que estou escrevendo. Mas escreveria abertamente os sentidos e sentimentos, as confusões e tropeços, os quais estão aos montes no meu caminho. Falaria a verdade, sem querer menosprezar e desperdiçar o tempo de quem passa aqui toda santa semana pra ler alguma coisa interessante e que quase sempre sai sentindo aquele gostinho de que faltou alguma coisa. Não que eu seja falso, pode até ser que sou, mas não se trata daquela falsidade vulgar...tá mais pra um mau humor...well evil. Seria muito mais claro e verdadeiro se eu escrevesse minhas verdades e minhas mentiras. É...essa é uma coisa complicadíssima, sentei-me aqui pra escrever outra coisa, mas infelizmente ou felizmente não pude escrever. Jolkerman, não há expressão melhor pra finalizar...volto daqui uns dias.
Beijos Rê e Déa...!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Falsa Tentativa

De nada vale as tentativas de extinguir o fogo com substância inflamável.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Quase Uma Oração

Sabe, estou á frente do espelho e seus raios lançados sobre mim me causam náuseas. Já o quebrei uma vez e sob ele havia outro. Pensei se devia suportá-lo, achei que não...achei certo. Quebrei-o. Os cacos cairam todos pelo chão, com minha cabeça baixa olhei um por um, entrevendo o reflexo de meu rosto nas lâminas de cristal. A insegurança apoderou-se de mim, pois não queria acreditar que poderia mais uma vez existir outro espelho. Olhei. Desacreditei. Sofri. Avistei mais uma vez minha face. Será que me resta mais alguma chance? Por duas vezes o quebrei e ambas me trouxeram novamente o reflexo do meu rosto e da dor refletida. Devo quebrá-lo? Devo eu arriscar encontrar outro espelho abaixo deste? Ou aprender a reconhecer este rosto e conviver com a dor refletida? Objeto à mão, pronto a atirar contra aquilo que me voltou tantas e tantas vezes e agora mais uma vez persite em ficar. Queria não acreditar que pode haver outro espelho. Queria acreditar que jamais precisarei passar a enfrentar sua imagem outra vez. Queria acreditar e inflizmente acredito que jamais irá embora.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

!.....................?.......................!

Sem muitas explicações quero postar estas duas passagens, a primeira Pequeno Principe e a segunda um poema de Fernando Pessoa:

"O trigo para mim não vale nada. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos dourados. Então será maravilhoso quando tiveres me cativado. O trigo que é dourado, fará com que eu me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo..."

"Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu."

terça-feira, 17 de junho de 2008

A Caixa de Pandora

De acordo com a mitologia grega existia uma caixa inacessível a qualquer pessoa. Somente através desta caixa chamada "Caixa de Pandora" os deuses poderiam ser destruídos. Intensionamente gostaria de fazer uma analogia da Caixa de Pandora com um outra inusitada caixa. Na península grega, mais ou menos no século V a.C, surgiu um grupo de indivíduis nada comum, eles eram barbudos, não se vestiam bem, e eram acessiveis à todos porém aceitos somente por alguns. Esses filósofos gregos levavam consigo uma caixa, que eles próprios denominaram de a "caixa da razão". Nunca deixavam pertubar-se pelas consequências psicolígicas e materiais de uma posição humilde que viviam na sociedade. Ao contrário, permaneciam sempre calmos diante de quaisquer insultos . Este novo elemento que a filosofia introduziu, ou seja, a razão, pode ser visualizada como uma caixa de percepção. Onde as opniões públicas, sejam elas positivas ou negativas, devem ser filtratas pela razão antes de serem dirigidas à auto-imagem, à consciência. Era através dessa razão que Sócrates, Marco Aurélio e outros, podiam visualizar se a opnião alheia era fundamentada de uma lógica. Os próprios filosofos recomendavam, caso fossemos tratatos com injustiça pela sociedade, que não nos pertubássemos mais com o julgamento do que faríamos se tivéssemos sido abordados por um louco com a intenção de provar que dois mais dois são cinco. E é essa razão que deve bloquear o pensamento de que ‘o que os outros pensam de nós deve determinar o que pensamos de nós mesmos.’
Somente através da Caixa de Pandora é que os deuses gregos poderiam ser destruídos; seja a razão a nossa Caixa de Pandora com relação ao que os outros pensam de nós e ao que possuimos. Nosso ser, nossa imagem, nossa casa, nossos moveis, nosso caracter, nossa vida, talvez na concepção dos outros essas coisas não têm valor algum. Mas podemos usar a caixa da razão como Diógenes usou:
Quando Alexandre, o Grande, passou por Corintio, visitou o filósofo Diógenes e o encontrou sentado sob uma árvore, vestido com trapos, sem nenhum dinheiro. Alexandre, o homem mais poderoso do mundo, perguntou se ele podia fazer alguma coisa para ajudá-lo. “Sim”, respondeu o filósofo, “se puder, saia do caminho. Está bloqueando a luz.” Os soldados de Alexandre ficaram horrorizados, esperando um surto da famosa ira de seu comandante. Mas Alexandre limitou-se a rir e lembrou que, se ele não fosse Alexandre, certamente gostaria de ser Diógenes.
O que importa não é o que parecemos à um grupo aleatório, mas o que sabemos que somos. Nas palavras de Shopenhauer:”Toda reprovação só pode ferir se atnge o alvo. Quem quer que realmente saiba que não merece uma reprovação pode tratá-la e a tratará com desprezo.”

sexta-feira, 6 de junho de 2008

A Veemência dos Personagens

Naqueles dias em que tudo parece sombrio e triste, as lembranças dos personagens literários nos invadem e com uma linguagem não muito comum nos arremete outra vez ao ânimo, e sem entendermos ao certo o porque: nossa vontade de viver renasce em grandes proporções. E na verdade essas lembranças valem muito mais do que nossas experiências cotidianas.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

O Processo

“Alguém certamente havia caluniado Joseph K. pois uma manhã ele foi detido sem ter feito mal algum.”

Hoje acordei e verifiquei meu email. Me deparei com uma intimação para uma audiência na Polícia Federal, obviamente era tudo papo furado. Mas de primeira mão me lembrei do O Processo de Franz Kafka...caramba, por um segundo me senti o protagonista Joseph K. Por um segundo me senti feliz por imaginar que poderia estar acontecendo exatamente o mesmo comigo. Por um segundo desejei ter acontecido e que por fim terminaria tudo...enfim...com uma lâmina reluzente em meu pescoço...! Alguém já ti disse que é perigoso viver?

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Conhece-te a ti mesmo... (...) ...o reino de Deus está dentro de vós...!

terça-feira, 20 de maio de 2008

Ele mudou a minha vida...


“Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo.” Não me lembro de muitas coisas da minha infância, acredito eu que nada de gravísinimo acontecera. Exceto quando fui apresentado a Hermann Hesse, romancista alemão. Seus romances e contos foram como uma nuvem clara e azul; aquelas que raramente conseguimos enxergar no mundo industrial. Sou grato por quase todos os escritos desse homem terem chegado até mim. Quando menino lia tuas empolgantes histórias que me ensinaram a ser hoje quem sou. E quem quiser nascer tem que destruir um mundo; destruir no sentido de romper com o passado e as tradições já mortas, de desvincular-se do meio excessivamente cômodo e seguro da infância para a conseqüente dolorosa busca da própria razão do existir: ser é ousar ser. Não vou dizer também que minha fase adolescente foi calma e suave. Levemente passou pelo meu espírito turbulências que jamais vou esquecer, as quais me foram úteis para seguir em frente. A maré mais alta que tive de enfrentar veio com grandes forças, faustosamente me impediu por um tempo de continuar andando. Mas foi precisamente nesta fabulosa maré que encontrei a Exit Door. Frederich Nitzsche foi como uma viagem navegante extremamente difícil, horas ele deixava-me no fundo do mar horas sobre as nuvens. O prodigioso Camus me faz sentir um estrangeiro, passageiro numa estação de trem. Mas como diaria Ernest Heminghay: “Um homem pode ser destruído, mas nunca derrotado.” Fui ao fundo arriscando-me, aconselhado por Sorën Kierkgaard: “Arriscar-se é perder o equilíbrio por uns tempos, mas não se arriscar é perder-se a si mesmo para sempre.” Ao entregar-me, Montagne nos seus Ensaios trouxe-me a âncora de volta a seu lugar: “O homem não é tão ferido pelo que acontece, e sim por sua opinião sobre o que acontece.” Aprendi mais em Balzac sobre a sociedade francesa da primeira metade do século, do que em todos os livros dos historiadores, economistas e estatísticos da época, todos juntos. Pascal, Sartre, Goethe, De Botton, Thomas Mann, porque não citar também Marco Aurélio, Oscar Wilde, Shakespear e o ilustre Kafka. Que meu espírito seja vivaz, que possa transformar-se em inúmeras fantasias e formas, em pastor e em peregrino, em criança e em animais e principalmente em pássaros e árvores. Isso é muito importante, isso quero e preciso para a minha vida e se um dia não puder mais ser assim e eu tiver que viver a chamada REALIDADE então eu preferirei morrer. Nos livros e nas leituras meu caminhar é mais lento, não me obrigo a correr. Depois de sentir-me cansado em procurar, aprendi a encontrar. Depois de um vento ter-me feito resistência, navego com todos os ventos. Hoje desejo aprender cada vez mais a ver o belo na necessidade das coisas: é assim que serei sempre daqueles que tornam as coisas belas. Ele escreveu os meus livros...Eles mudaram minha vida..."

sábado, 10 de maio de 2008

Aurora

Ele andou à noite inteira e parou em um lugar comum. Continou em pé como se algo o forçasse a não se curvar. Ficou ali por mil anos ou por um instante. A brisa formou-se em uma pequena gota e percorreu por toda a folha verde e sobre sua face encontrou-se à ponta de seu nariz - a sensação foi parecida com a de uma teia de aranha na pele. Deu a impressão de que iria mexer sua mão, mas nada fez. Lembrou-se de ter caminhado à noite inteira, mas não se sentia cansado, apenas uma leve comoção passou por ele vindo do lado sul. Já estava quase amanhecendo, o céu estava quase azul outra vez. Deu um passo a frente e sentiu a areia nos pés descalços e molhados por causa da aragem. Olhou distante, bem distante e quanto mais esforço fazia menos conseguia enxergar o fim. Era a aurora e neste exato momento deu-se conta de que era muito menor que o mar.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Um Paradoxo

Tenho percebido que ultimamente tenho sonhado bastante, digo isto, porque nunca fui de me lembrar dos meus sonhos e por isso sempre achei que não sonhava. Mas tenho sonhado e durante os sonhos tenho percebido que estou sonhando: é estranho, não?. Mas então, a coisa que está me intrigando é que agora que "sonho realmente", não tenho conseguido focalizar o sonho após o momento em que acordo. Sinto aquela bagunça, aquela confusão de sonhos se entrelaçando com outros sonhos e no fim vira um redemoinho só. E o mais frustrante é que sei que tenho sonhado muitas coisas pra lá de interessantes, e fico naquela de querer acordar e por no papel, concretizá-lo, mas ao mesmo tempo não quero acordar e criar uma incisão desse doce devaneio que é sonhar. Antes não podia certificar-me de que realmente sonhava, agora certamente sonho e desse paradoxo interrompido, infalívelmente virão outros sonhos paradoxal.

"Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Más há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isso não tem importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado." - William Shakespeare

sábado, 19 de abril de 2008

Um Artista da Fome


Estava assistindo algumas resportagens esses dias e nelas havia uma seríe de pessoas que sobrevivem, ao invés de viverem. Todas elas não tinham muitos recursos que nós temos e todas as grandes oportunidades que temos no dia a dia. Incrível como num mundo da era High Tech, longos e modernas torres que são construidas pelas grandes cidades, todas futlidades que a cada dia que passa queremos obter - incrivel como exsitem muitas pessoas que nem ao menos sabem o que vem a ser tudo isso e sobrevivem confrontando a arte de passar fome. Quase não parece ser verdade - mas o negócio é que é verdade sim - é só abrirmos um de nossos olhos e veremos.

Não sei quantos lêem a bíblia, mas quando Jacó estava fugindo de seu irmaõ Esaú. Ao parar num lugar para descançar ele apoiou sua cabeça numa pedra e dormiu. Quantos de nós não procuramos as maneiras mais confortaveis para nós e para nossas famílias, as melhores coisas, os meios mais fáceis, os caminhos mais cheios de flores possíveis - enquanto outros dormem em pedras. Quando vamos entender que todas essas futilidades são tão efêmeras quanto nossos exercícios de pensar a respeito de nós mesmos? Tá legal, eu to ligado!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Ária à Dama da Noite

Dentro da noite, em suas entranhas mais escuras
Ouço o sussurrar dos ventos que em minha janela passam
Não ficam aqui e para outros se vão a sussurrar
Deixam o medo da noite e o escuro de seu rosto.

Desta noite mesmo que obscura, consigo enxergar
Os traços mais finos e serenos, que ao medo me transportam
Trazem um prazer e uma majestade sem par
E nas muitas correntes desse rio a tristeza e a dor.

O vento não cessa de soprar e de um estrondoso barulho
Irritante a me atormentar, lembrando-me de ti e de teu sofrer
De teus caminhos percorridos, das tuas auroras desventuradas
Aventuradas até o pescoço e neste um lindo colar.

As almas vão aos ventos, milhares e milhões de par em par
Sorriem alegremente do sofrer que eternamente irão passar
Das pedras se desviam neste riacho sem fim
As almas ao encontro de outras vão
Na mais profunda das águas correntes irão amar

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Esnobismo

Nos nossos primeiros anos de vida, aqueles onde todos nos acham bonitinhos e engraçadinhos, ninguém se importa muito com o que fazemos ou somos, com o que nos vestimos ou calçamos, com as cores do olhos: pretos ou castanhos. Na verdade, a nossa existência, por si mesma, é o bastante para nos garantir demasiadas atenções e afeto incondicional. Podemos usar roupas com cores alarmantes, ou arrotar durante uma refeição, ou gritar no tom de voz mais alto, ou não se interessar por nada, ou não ganhar dinheiro algum e ainda mais, não ter amigos importantes – ainda assim seremos valorizados. Mas quando chegamos à idade adulta isso significa que ‘devemos’ assumir nosso lugar em um mundo dominado por pessoas indiferentes e esnobes, cujo comportamento está no cerne de nosso desejo em relação ao status. Em 1848 um escritor observou que os esnobes tinham se espalhado pela Inglaterra como ferrovias. Desde então, tornou-se mais comum usar a palavra ‘esnobe’ para se referir à pessoa que praticasse abertamente um preconceito social ou cultural, que declarasse um tipo de pessoa, ou música, ou vinho, ou terno, claramente melhor e superior que outro. Ao estar em companhia de esnobes pode nos enraivecer e nos irritar, porque percebemos que o que somos verdadeiramente – isto é, o que somos excluindo nossa posição social, ou seja, nosso status – poderá governar muito pouco o coportamento deles em ralação a nós. Podemos ser dotados da sabedoria de Salomão e ter os recursos e a inteligência de Ulisses (Odisséia), mas, se somos incapazes de balançar os emblemas socialmente reconhecidos de nossas qualidades, nossa existência continuará despertanto uma fria indiferença neles. Não somos mais aquelas crianças bonitinhas e engraçadas. E para eles - os esnobes – a existência já não basta.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Vende-se Uma Casa

Seção Classificados:

Aluga-se um corpo feminino, bonito e atraente. Não muito alto nem baixo demais, cintura fina e quadris largos. Cabelos castanhos claros e olhos verdes escuros. Pele branca e bochechas rosadas, unhas grandes vermelho escarlate. Lindas curvas.

Aluga-se brutalidade desmedida. Sabe-se focalizar bem os golpes, no rosto, no estomago e nas costas. Serviço feito uma única vez, sem volta ao consumidor. Ao adquirir o serviço garantimos que o locatório sairá satisfeito, caso contrário não devolveremos o valor correspondente ao aluguel.

Doa-se amizade, carinho, respeito e mais três sextas cheias de sobriedade. Motivo: Iremos mudar e não poderemos levar, pois o quintal da nova casa é muito pequeno. Mas realmente os amamos, mas não será possível levar conosco.

Vende-se uma casa pequena, confortável e bem localizada. Uma sala grande, três quartos, cozinha, banheiro, lavanderia e um ótimo quintal. Casa em bom estados. Casa simples e tranqüila. A casa não está ocupada, pois o dono da casa traiu sua mulher com outra de aluguel. Seu filho mais velho era viciado em drogas e bebidas e acabou matando duas jovens e hoje está preso. E a dona da casa está vendendo e mudando com sua filha de 8 anos para outro bairro.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Fábula de Franz Kafka:"

"Ai de mim!", disse o rato, " - o mundo vai ficando dia a dia mais estreito" . "- Outrora, tão grande era que ganhei medo e corri, corri até que finalmente fiquei contente por ver aparecerem muros de ambos os lados do horizonte, mas estes altos muros correm tão rapidamente um ao encontro do outro que eis-me já no fim do percurso, vendo ao fundo a ratoeira em que irei cair".
"- Mas o que tens a fazer é mudar de direção", disse o gato, devorando-o.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Ame-a ou Deixe-a

Acho que estou numa fase (existencialista) da minha vida que aprendi a reconhecer meus limites e olha que são muitos e por isso levei um certo tempo pra tal façanha. Mas tenho percebido que também estou numa fase de mais perguntas que respostas, não necessariamente estou em busca dessas perguntas, ou seja, não quero dizer que quero e necessito de suas respostas, mas é inevitável não perguntá-las. Há muito tempo atrás eu tinha também muitas perguntas e sempre acreditava que um dia essa minha ansiedade por respondê-las iria saciar. Hoje vejo que na realidade acumelei aquelas do passado com as do presente e algo me diz que as do futuro irão entrar no time e vestir a camisa também. Não posso mentir e dizer que já não me importo com as possíveis respostas, pelo contrário, acredito ter aprendido a tolerar o mundo por não poder responder a tais questões, mas confesso que elas ainda pulsam e irão pulsar por muito tempo.
É verdade também que não quero passar minhas vida preso a essas questões e emoções, mas cá pra nós é isso que torna a vida uma beleza e uma beleza misteriosa, não queremos nos agarrar a isso, mas vez por outras estamos na borda da saia da vida perguntando o que realmente estamos fazendo aqui e o que ela quer de nós. Acho que o que nos torna mais apaixonados pela vida é o fato de não podermos explicá-la e nessa nossa incapacidade total de nos explicar e explicar nossa vida é que sempre estamos tentando nos esconder por trás da vontade de não mais viver. Vamos, meu amigos, confessemo-nos somos demasiadamente afeiçoados por aquilo que mais odiamos: a vida.

domingo, 30 de março de 2008

Um Mar de Interrogativas

Filosofia. Muitas vezes me coloquei a frente da seguinte pergunta: Filosofia, para que serve? Na Grécia ao aconchegante berço de seu nascimento, muitos homens por motivos não muito óbvios começaram indagar sobre quase tudo na vida. Muitas perguntas surgiram e tais perguntas a respeito do céu, da dinvidade, da natureza e inevitavelmente do próprio homem. Mas o mais interessante é que atravéz da filosofia se questionava muitas coisas e quase nunca questinava a si mesma. Buscavam respostas a respeito de quase tudo, mas a única pergunta que deixavam de responder era justamente a origem de todas as outras: "Para que serve a filosofia?". Sem pressunção alguma de minha parte, gostaria de dar uma reposta: não serve para nada.
Assim como tantas coisas que usamos e compramos, fazemos ou deixamos de fazer, sentimos e fingimos não sentir, me refiro a tantas coisas que não vemos uma necessidade ou finalidade específica, mas que nem por isso deixa de ser desimportantes. A arte, para que serve de fato? A música, qual sua finalidade específica? A natureza? Agora você pode ter uma resposta rápida, porém provisória, porque ao responder a tais questionamentos, nascerá outras perguntas e dessas, tantas outras. E de fato isso é filosofar e filosofando seja numa mesa de um bar ou na maior biblioteca do mundo não se pode ter a pretenção de responder. Assim como a música e a arte nos prendem ao teus doces sons e leves pinceladas, a filosofia nos faz navegar entres mares e tempestades, mas ao contrário do seduzido Ulisses na Odiséia, por belas sereias; ela a filosofia, nos faz navegar com mapas e bússulas.