quinta-feira, 17 de abril de 2008

Ária à Dama da Noite

Dentro da noite, em suas entranhas mais escuras
Ouço o sussurrar dos ventos que em minha janela passam
Não ficam aqui e para outros se vão a sussurrar
Deixam o medo da noite e o escuro de seu rosto.

Desta noite mesmo que obscura, consigo enxergar
Os traços mais finos e serenos, que ao medo me transportam
Trazem um prazer e uma majestade sem par
E nas muitas correntes desse rio a tristeza e a dor.

O vento não cessa de soprar e de um estrondoso barulho
Irritante a me atormentar, lembrando-me de ti e de teu sofrer
De teus caminhos percorridos, das tuas auroras desventuradas
Aventuradas até o pescoço e neste um lindo colar.

As almas vão aos ventos, milhares e milhões de par em par
Sorriem alegremente do sofrer que eternamente irão passar
Das pedras se desviam neste riacho sem fim
As almas ao encontro de outras vão
Na mais profunda das águas correntes irão amar

Um comentário:

Anônimo disse...

A princípio sofri uma certa angústia, com essa sensação da correnteza irremediável em que estamos imersos e suas palavras descreveram também. É bom saber que o amor está sedimentado no que é profundo, imutável; talvez só ele seja a verdade.
Um beijo!